Thursday, May 13, 2010

Rouca.


Choraria lágrimas por te ver sair assim, sem mais nem menos. (Sem um beijo, sem um abraço, sem um sorriso, sem uma palavra, apenas com o telemóvel e a mochila na mão.) Foi assim que saíste.
Gritaria até já não te ver, até que o eco se cansasse de chamar pelo teu nome ou pelo nome fictício que criàmos para não dar nas vistas. Mas não valia a pena gritar, não valia a pena chamar por ti. Ficaria rouca e o bichinho que tens aí dentro não iria despertar. Esse bichinho que tu fizeste acordar e que deixaste que eu despertasse, acabou de morrer. Aliás acabaste de o matar.
Não te sentes culpado ? Frustrado ?
Não sei, talvez devesses sentir remorsos por teres terminado uma coisa à qual foste tu, tu quem a criou, quem a acordou.
-Gostaria. Não me importava de gritar a noite toda, gritar o teu nome à lua, às estrelas, às árvores, a qualquer ser. Não me importava. Eles irião ouvir-me (e se eles me ouvem tu também me ouves). Mas passaria noites e dias a gritar pelo teu nome para que o teu coração batesse novamente por mim, mas já não há voz que aguente.
Já não há sentimento que faça transparecer tudo o que um dia fomos, já não há lágrimas para que possas ver o quanto me fazes falta, já não há memória para conseguir recordar todos os bons momentos que tivemos, já não há nada, nada !
Mas podes voltar para mim porque esse teu bichinho não liga a palavras, liga a gestos e apesar de estar rouca não estou incapaz de te satisfazer.